sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

TROTE UNIVERSITÁRIO IV

TROTRES DE CALOUROS
Contardo Calligaris

NA MINHA terceira viagem ao Brasil, num verão dos anos 1980, vi pela primeira vez, nos faróis, jovens de cabeça raspada e tinta espalhada pelo corpo e pelo rosto. Pensei que fizessem parte de um bloco carnavalesco. Não imaginei que a prática do trote de calouros ainda existisse no país.

Na Europa, no passado, essa prática tinha sido brutal: na Itália, os alunos "anciões" se reuniam em confrarias e vendiam proteção aos calouros, que compravam salvo-condutos para poder circular livremente. Alguns estudantes permaneciam na universidade para sempre, sem formar-se, e ganhavam a vida explorando os novatos.

Esse sistema acabou bem quando eu entrei na faculdade; dele, na Milão de 1966, só sobravam restos miseráveis: dois repetentes crônicos mendigando cigarros pelos corredores da universidade. Depois de 1968, até esses restos sumiram. Por que o costume do trote de calouros cessou naqueles anos?

O trote é um rito de iniciação, pelo qual os calouros seriam aceitos na comunidade: "Somos da mesma turma: fomos todos calouros um dia". Eu preferiria que a turma universitária tivesse outra consistência, mas a gente sabe que os adolescentes almejam sentir-se integrados -a qualquer custo ou quase. Seja como for, em regra, quem está sendo iniciado sente na carne os efeitos do poder que ele mesmo será autorizado a exercer depois de sua iniciação.

Mas cuidado, no trote iniciático, não se trata apenas de forçar o calouro a experimentar os efeitos do poder que ele terá sobre os futuros novatos. O que mais importa, na iniciação, é que o calouro sinta na pele os efeitos do poder que o grupo exerce ou pretende exercer sobre todo o resto da sociedade.

Um exemplo. Imaginemos que, para entrar numa máfia, eu seja amputado de um dedo. Os candidatos futuros também serão amputados (por mim ou por eles mesmos), mas, antes de mais nada, minha iniciação deve me lembrar que a máfia, na qual estou entrando, arroga-se o direito de amputar os bens e a carne de todos os que não fazem parte da "família". Como isso se aplica ao caso dos calouros?

Pois é, no Brasil de hoje, a universidade ainda é um clube de "elite", cujos membros podem se sentir autorizados a tratar não só os calouros, mas os comuns mortais como bichos. Estou exagerando? Talvez, mas não há muitos países em que existe uma cadeia especial para universitários e outra para pés-rapados.

E, se isso não bastar, mais dois lembretes. Em dezembro passado, um grupo de alunos de medicina da Universidade Estadual de Londrina festejaram sua formatura iminente com bebedeira, rojões e sprays de espuma -isso, numa enfermaria cheia de pacientes (alguns em estado grave). Eles comemoraram seu ingresso na profissão médica esbanjando seu poder de zombar dos que lhes confiariam sua vida.

No começo deste mês, em Campinas, estudantes de direito, que estavam atormentando calouros, estenderam o tratamento a um morador de rua que foi raspado, pintado e batido. Eles expressaram sua alegria de futuros juristas abusando dos direitos básicos de um desamparado. Talvez o trote de calouros sempre tenha sido isto, mundo afora: a iniciação numa "elite" que se define pela brutalidade de seu privilégio e que transmite a seus novatos a arte de brutalizar os zé-povinhos.

A partir de 68, na Europa, por efeito da contracultura, ser universitário não foi mais um passaporte para o privilégio, mas uma responsabilidade social. Em 92, estudantes brasileiros pintaram a cara por uma razão diferente do trote: teria sido uma boa ocasião para eles deixarem de ver a celebração do duvidoso privilégio de esculachar os moradores do andar (social) de baixo. Não aconteceu: a selvageria da divisão social continuou falando mais alto.

Na Folha de domingo passado, José Goldenberg, ex-reitor da USP, observou que as instituições universitárias não podem intervir em acontecimentos que, em geral, são externos à faculdade. Discordo. Não são tão "externos" assim: o trote compromete o próprio sentido do ensino, alimentando uma visão doentia do privilégio conferido pelo fato de frequentar uma universidade. A universidade e as próprias profissões às quais ela dá acesso deveriam, no mínimo, impor aos responsáveis pelos trotes uma formação suplementar: anos de serviço social e de cursos básicos de ética. Afinal, queremos uma "elite" que se ufana de seu privilégio e de seus abusos ou uma elite sem aspas?
(Folha de São Paulo, 19/02/2009, Caderno Ilustrada, pág. 10)

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

TEMAS DA SEMANA 16/02/2009

TEMAS DA SEMANA:

1. Desglobalização: protecionismo, tensão social e crise climática - uma nova era?

2. Trote universitário: um ritual de iniciação necessário?

Referências:

1. Folha de São Paulo, 15/02/2009 - Caderno Mais!; 13/02/2009, charge, pág. A2;

2. Veja.com.br, 09/02/2009.

trote universitário III

(Fonte: Folha de São Paulo, 12/02/2009, pág. A2)

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

DESGLOBALIZAÇÃO

DESGLOBALIZAÇÃO

Nacionalismo aumenta com recessão

DA REDAÇÃO

E spancada, na segunda passada, por skinheads em Dubendorf (Suíça), a brasileira Paula Oliveira acabou abortando a gravidez de gêmeos em decorrência dos ferimentos. Os agressores inscreveram a estilete, em suas pernas, a sigla do partido SVP -contrário à proposta, aprovada em referendo no domingo passado, de renovar e ampliar o acordo de imigração da Suíça com a União Europeia. Apesar de a maioria da população suíça ter se manifestado a favor do referendo, o crime não é o único exemplo da era da "desglobalização".

O termo foi cunhado pelo premiê britânico, Gordon Brown, no final de janeiro para referir-se aos países que endurecem as relações com imigrantes e capitalistas estrangeiros. "Essa forma de desglobalização, que vai levar ao protecionismo comercial se não for interrompida, é algo de que venho advertindo as pessoas", disse.

Seu mote "empregos britânicos para trabalhadores britânicos" foi apropriado no protesto de operários ingleses que rejeitaram a contratação de italianos e portugueses por uma refinaria de petróleo.

O Senado italiano suscitou protestos ao aprovar lei que torna crime a imigração ilegal (com até quatro anos de prisão) e estimula os médicos a delatarem imigrantes. A lei ainda carece de aprovação na Câmara. Na França, o ministro da Imigração, Eric Besson, propôs recompensar com vistos os estrangeiros que denunciarem redes de imigração. Nos EUA, o plano de estímulo à economia de Obama (mais de US$ 700 bilhões) condiciona a ajuda financeira ao uso de material proveniente de fornecedores americanos.
(Fonte: Folha de São Paulo, 15/02/2009, Caderno Mais!, pág. 4)

TROTE UNIVERSITÁRIO II

TROTE UNIVERSITÁRIO II



A origem medieval do trote universitário
9 de fevereiro de 2009

LINKS RELACIONADOS
· • Roberto Pompeu de Toledo Morte no trote da USP: a barbárie na universidade
· • André Petry Injustiça no caso da morte do calouro da USP
Por Marina Dias

Encerrada a temporada de vestibulares, as universidades brasileiras recebem nesta semana milhares de novos alunos. É a abertura da temporada de matrículas, aulas e trotes - uma das mais controversas tradições do ensino superior brasileiro. Nos últimos anos, os trotes a alunos novatos têm chamado mais a atenção devido aos excessos: o caso exemplar de exagero foi o episódio que levou à morte, há exatos dez anos, Edison Tsung Chi Hsueh, que ingressava na prestigiosa Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Na manhã seguinte ao churrasco de recepção aos calouros, o corpo do estudante foi encontrado no fundo da piscina da associação atlética da faculdade. A tradição, porém, não cessou.
A cada temporada de matrículas, o trote volta a preocupar. Mas ele é também uma forma de inserir os calouros na nova fase, algo que os antropólogos costumam chamar de "ritual de passagem". Trata-se de uma tradição medieval - no sentido temporal da palavra. Sim, a prática do trote persiste desde a Idade Média.


Segundo Antonio Zuin, professor do departamento de Educação da Universidade Federal de São Calos (UFSCar), os candidatos aos cursos das primeiras universidades europeias não podiam frequentar as mesmas salas que os veteranos e, portanto, assistiam às aulas a partir dos "vestíbulos" - local em que eram guardadas as vestimentas dos alunos. "As roupas dos novatos eram retiradas e queimadas, e seus cabelos, raspados. Essas atividades eram justificadas sobretudo pela necessidade de aplicação de medidas profiláticas contra a propagação de doenças", explica Zuin, que é também autor do livro O Trote na Universidade: Passagens de um Rito de Iniciação.

"Cheguei a ficar com medo do trote, mas depois vi que era bem legal. É uma forma de integração. Quem ficou de fora, acabou se isolando bastante".
Clarice de Carvalho, 'bixete' de 2008 do curso de gestão ambiental da USP

Mais intrigante é a origem do termo "trote": é uma alusão à forma pela qual os cavalos se movimentam entre a marcha lenta e o galope. A aplicação da palavra ao mundo das relações entre calouro e veterano tem, na visão de Zuin, um significado claramente negativo. É como se o primeiro devesse ser "domesticado" pelo segundo "por meio de práticas vexatórias e dolorosas, que têm a função de esclarecer quais são as características das respectivas identidades". Paulo Denisar Fraga, filósofo e professor da Universidade Federal de Alfenas (Unifal-MG), ilumina outro termo do "vocabulário do calouro": "bixo", que no contexto do ingresso na universidade é utilizado para designar os novos alunos. "É um trocadilho desumanizador, em que a letra 'x' indica, depois do vestibular, aquele que está marcado".

Trote tupiniquim - Se tivesse existido fora do romance de Machado de Assis, Brás Cubas - personagem que, na infância, gostava de trotar sobre escravos - bem poderia ter trazido o trote da Europa para o Brasil. Isso porque, assim como o anti-herói de Memórias Póstumas de Brás Cubas, os responsáveis pela migração da tradição se formaram em direito em Coimbra, como era comum entre membros da elite no século XIX. O trote, então, foi incorporado às "boas-vindas" nos cursos de direito de São Paulo e Pernambuco. Em 1831, ocorreu a primeira morte de que se tem notícia: o estudante Francisco Cunha e Meneses, da Faculdade de Direito do Recife.


"Desde o princípio de sua aplicação, com exceção da questão profilática, o trote já era caracterizado como um rito de iniciação e de passagem, fundamentado numa integração de caráter sadomasoquista", afirma Zuin. Para ele, a prática serve como possibilidade de "vingar a dor" física e psicológica sofrida por alguém (o veterano, no caso) na universidade. "Para o calouro significa, entre outras coisas, a possibilidade de se sentir integrado na vida universitária e de se conformar com a promessa de que poderá se vingar das pancadas e, sobretudo, humilhações, no próximo ano, quando se tornar veterano".

Já Paulo Fraga procura iluminar a questão a partir de outro ponto de vista. Ele acredita que a palavra "trote" adquiriu com o tempo um sentido pejorativo e, por isso, deve ser substituída por outros termos. "Recepções alternativas podem ser produtivas para a introdução dos estudantes à vida universitária". Vitor Loureiro Sion, um "bixo" do curso de história da USP em 2007, concorda. "Ao contrário das brincadeiras de mau gosto que vejo por aí, encontrei pessoas civilizadas comemorando uma conquista importante da vida delas", lembra. Dennis Padial, ex-calouro do curso de design de games da Universidade Anhembi Morumbi, também guarda boa memória: "O trote é uma maneira de conhecer gente nova. Os veteranos não querem te sacanear, é apenas um jeito de você ser incluído no grupo, de virar amigo deles".

(Fonte: www.veja.com/09/02/2009)

Trote universitário

TROTE UNIVERSITÁRIO I

FOLHA DE SÃO PAULO – 15/02/2009, CADERNO MAIS! PÁG. 3

+(c)omportamento

Laços de sangue
Ingresso das mulheres nas universidades inglesas pode ter enfraquecido os trotes violentos, diz Peter Burke
ERNANE GUIMARÃES NETODA REDAÇÃO

O trote, hoje, conseguiu tornar algumas universidades brasileiras equivalentes às melhores da Europa -mas da Europa do século 17. Para o historiador britânico Peter Burke -especialista em história cultural e professor emérito de Cambridge-, a evolução histórica desses "rituais de iniciação" pode ser esclarecedora. Na entrevista abaixo, o colunista da seção "Autores", do Mais!, que iniciou seus estudos em Oxford nos anos 1950, sugere que o fim dos trotes violentos em seu país pode estar ligado à entrada das mulheres no meio universitário. No Brasil, onde o trote ainda é visto como um sinal de prestígio pelos próprios calouros, a vontade de mostrar tradição pode ser um estímulo à agressividade: "As mais antigas e prestigiosas instituições é que se apegam à tradição, possivelmente para lembrar a todos de que se trata de velhas faculdade", acrescenta Burke.


FOLHA - Por que, historicamente, as vítimas de trotes não protestam? PETER BURKE - Isso é normal, mas às vezes as vítimas agem. Em Oxford, no século 17, havia um ritual de iniciação para os novatos em cada "college" que envolvia, entre outras coisas, ficar em pé sobre uma mesa e beber muita água salgada. Um dos calouros, que depois se tornaria um político famoso, o conde de Shaftesbury, organizou a resistência em seu "college" e foi bem-sucedido.


FOLHA - O que esses "atos de iniciação" podem dizer sobre a sociedade em que estão inseridos? BURKE - A existência desse tipo de ritual é tão comum que não diz muito sobre a sociedade específica, a não ser, talvez, que você estude a história do ritual ao longo do tempo. Quando eu era estudante, nos anos 1950, os "colleges" de Oxford ainda tinham rituais de iniciação, apesar de não serem tão violentos quanto os do século 17. Desde então, eles enfraqueceram. Isso pode mostrar que a "sociedade" está se tornando mais gentil. Mas outra explicação poderia ser a de que os antigos "colleges" para homens começaram a admitir mulheres nos anos 1970-80 e, assim, rituais de "macho" passaram a parecer inapropriados.

FOLHA - Num artigo de 2001 ("Bricolagem de tradições", Mais!, 18/3), o sr. parafraseia Eric Hobsbawm, para quem "o final do século 19 foi um período em que tradições, principalmente rituais e festivais, foram criadas por instituições novas como forma de legitimar um apelo ao passado". A violência do trote brasileiro é inversamente proporcional à tradição e ao respeito representados pelas instituições acadêmicas? BURKE - Para responder essa pergunta seria necessário fazer um estudo comparativo de diferentes universidades brasileiras. Minha impressão, talvez falsa, é a de que são as instituições mais antigas e prestigiosas, como a Faculdade de Direito [da USP], que se apegam à tradição, possivelmente para lembrar a todos de que se trata de velhas faculdades.

FOLHA - O sr. vê o trote nas universidades brasileiras mais como uma tentativa de reconhecer um grupo de elite, como na antiga tradição militar, ou como um entretenimento sadomasoquista contemporâneo? BURKE - Acredito que a função do ritual era originalmente criar laços entre os iniciados e entre eles e a instituição, mas, em ambos os casos, o costume cria possibilidades para sádicos, as quais estes exploram, conscientemente ou não.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

A FAMA E A CONSTRUÇÃO MIDIÁTICA

HISTÓRIAS DE MÁ FAMA

Livros analisam a construção midiática das celebridades desde os tempos áureos de Hollywood até a era das revistas de fofocas e da internet

O "Big Brother" é bem mais civilizado do que assistir a pessoas sendo devoradas por leões

STEPHEN CAVEA fama não é mais o que era. Houve época em que era dada àqueles que faziam algo útil, como descobrir a gravidade ou vencer uma guerra mundial. Hoje é entregue de graça a qualquer pessoa que fique em segundo lugar num programa de talentos na TV, que mais tarde tire a roupa para uma revista masculina e então escreva sua autobiografia aos 25 anos, enquanto tira o dia de folga de uma clínica de reabilitação.Ou, pelo menos, é disso que se queixam nossos intelectuais respeitados. Tome-se o caso de seu alvo favorito, Paris Hilton, a pessoa mais famosa a ser famosa simplesmente por ser famosa. Embora seja uma das pessoas mais procuradas no Google no mundo, ninguém consegue se lembrar exatamente por que nos interessamos por ela.O "Guinness World Records" [Ediouro] a classifica como a celebridade mais supervalorizada do mundo, mas nem sequer está claro por que é supervalorizada.

A acreditarmos nos especialistas de plantão, ela é a personificação de nossa era fútil, a figura de seios nus que está na proa de um navio durante um cruzeiro de festas regadas a muita bebida, que vaga a esmo sem um norte moral.Os filósofos, em especial, parecem estar convencidos de que nossa obsessão com a celebridade instantânea aponta para a aproximação do fim da civilização -e uma série de livros recém-lançados traz argumentos diversos sobre isso.

Do alto de sua torre de marfim, esses escritores veem Paris Hilton, Britney Spears, Lindsay Lohan e Jade Goody galopando em sua direção sobre os quatro cavalos do apocalipse cultural, corrompendo a juventude com seus vídeos sexuais pirateados e as confissões reveladoras que arrastam em sua esteira. Fim dos temposO primeiro lugar entre esses profetas do fim dos tempos é ocupado por Mark Rowlands, professor de filosofia na Universidade de Miami, cujo livro "Fame" [Fama, Acumen, 128 págs. 9,99, R$ 33] lamenta a ascensão do renome imerecido.Nos bons velhos tempos, afirma, a fama era associada ao respeito: "O tipo de respeito que acompanha o fato de ter realizado algo digno de nota ou de possuir talento que seja de algum modo excepcional".Hoje, a fama e o respeito seguem rumos distintos, resultando num número enorme "de pessoas singularmente destituídas de talento que são famosas no momento".

A ascensão do individualismo desde o iluminismo, diz, foi acompanhada por uma ascensão paralela de seu irmão gêmeo e desagradável: o relativismo, a crença de que não existem padrões objetivos.Rowlands conclui que hoje somos "intrinsecamente incapazes de distinguir qualidade de baboseira".Embora sua tese possa encontrar eco naqueles que preferem Bach a Britney, ela se baseia numa série de enganos. Para começar, a maioria de nós já emprega a palavra "celebridade" para indicar uma versão mais inconsistente da fama.Na realidade, desde o declínio de Atenas na Antiguidade, os filósofos vêm se queixando da decadência cultural.

Francis Bacon escreveu, 400 anos atrás, que "a fama é como um rio, que traz para a superfície as coisas leves e infladas e afoga as coisas pesadas e sólidas".Deve, sem dúvida, ser irritante para os filósofos assistirem a atores de segunda linha, atletas e extrovertidos sedentos por atenção serem convidados às festas às quais eles pensam que deveriam ser chamados, em virtude exclusivamente de seu intelecto poderoso.Lamentavelmente, as coisas nunca foram assim.

A frustração dos filósofos deve-se a uma falácia de que o livro de Rowlands constitui ótimo exemplo: a ideia ingênua de que a fama deveria ser proporcional à realização.Um ator de cinema talentoso sempre será mais famoso que um contabilista talentoso, devido à própria natureza de suas ocupações.A maior e mais criativa atuação no cinema existe para ser vista por milhões de pessoas; a maior e mais criativa contabilidade é muito mais bem feita a portas fechadas.A fama é produto de determinados setores -especialmente o setor do entretenimento em massa-, não uma estrela dourada entregue pela fada do bem àqueles que fazem jus a ela.

Mas a indústria da fama de fato mudou. A ascensão das comunicações instantâneas, da mídia digital e da alfabetização em massa alimentou o mercado das estrelas.Canais de TV dedicados às celebridades, sites e revistas como "Heat" e "People" multiplicaram exponencialmente a velocidade e o volume das fofocas sobre as celebridades -e o número destas. Mas é outra falácia comparar os grandes nomes do passado a esse panteão de celebridades de terceira linha e concluir que a era dourada da razão ficou no passado.

Grandes figuras como Platão, Michelangelo, Marie Curie e Churchill foram filtradas pelo tempo; as figuras efêmeras que diariamente passam rapidamente por nossas telas de TV não o foram -ainda.Também temos nossos nelson mandelas, toni morrisons e stephen hawkings. E as eras passadas tiveram suas paris hiltons, só que já foram relegadas ao esquecimento há tempos.A própria Paris Hilton fez uma observação sagaz: "Acho que nunca houve alguém como eu que tivesse durado".Mas o erro mais gritante desse livro curto é a alegação de que aqueles que acompanham as estripulias de Paris Hilton ou assistem a "Big Brother" perderam a capacidade que tinham nossos antepassados de avaliar a qualidade.

Hoje, mais pessoas do que nunca frequentam galerias de arte, leem romances ou até mesmo lançam novas formas de arte, fato que sugere que vivemos em tempos especialmente cultos. Se também damos vazão a nossos instintos mais baixos, como o voyeurismo, o fazemos de maneiras muito mais brandas do que nossos ancestrais.Diga-se o que quiser sobre "Big Brother", ele é bem mais civilizado do que assistir a pessoas sendo devoradas por leões.

Uma análise mais refletida da celebridade moderna poderia levar em conta o fato de ela satisfazer à necessidade universal de conto de fadas (histórias sobre miseráveis que ficam ricos) e de ver a soberba ser castigada (ricos que vão parar em clínicas de reabilitação de dependentes de drogas).

Outro filósofo/crítico cultural, Daniel Herwitz, explora esses temas em seu livro "The Star as Icon - Celebrity in the Age of Mass Consumption" [A Estrela como Ícone - Celebridade na Era do Consumo em Massa, Columbia University Press, 176 págs. 14,50, R$ 49], que provoca reflexão, mas também é frustrante.Herwitz foca algumas poucas celebridades que atingiram status de "ícones": a princesa Diana, Jackie Kennedy Onassis, Grace Kelly e Marilyn Monroe. Biografias inventadas Esse status, diz, requer uma aura de distância que é quase impossível criar no mundo "de alta rotatividade" de TV e web.Apenas Diana, cuja distância se devia a sua posição de princesa legítima, pôde manter essa aura e ao mesmo tempo caber na "intimidade acelerada" da televisão: a vida dela, diz Herwitz, era "pura telenovela".

Como Rowlands, Herwitz acredita que a mídia moderna provocou o divórcio entre a celebridade e o talento. Mas a análise que faz desse aparente declínio é mais sutil e mais favorável à celebridade. A TV faz sucesso por criar uma zona de conforto de intermináveis telenovelas e familiaridade tranquilizadora, argumenta, mas a essa "normalidade" acrescenta irreverência e improvisação.Em contraste, o mundo mais glamouroso do cinema é "frequentemente objeto de adoração cult, adoração de estrelas, voyeurismo, reconhecimento equivocado e saudosismo".

O mundo ficou mais pobre sem as estrelas icônicas do passado, acha, mas devemos nos precaver contra a adesão a seus mitos autoconstruídos. São esses os mitos que são desbancados por Mark Borkowski em seu alegre "The Fame Formula - How Hollywood's Fixers, Fakers and Star Makers Created the Celebrity Industry" [A Fórmula da Fama - Como os Arranjadores, Falsificadores e Criadores de Estrelas de Hollywood Criaram a Indústria da Celebridade, ed. Sidgwich & Jackson, 320 págs., 13,59, R$ 45].Seu livro celebra os agentes publicitários, criadores de mitos que converteram a matéria-prima de Hollywood, de valor desigual, em nomes conhecidos por todos. Sendo alguém que comanda sua própria empresa de relações públicas, Borkowski conhece bem o tema.Algumas das façanhas descritas já se tornaram lendas: em 1943 o estúdio Fox fez um seguro de US$ 1 milhão das pernas de Betty Grable, e a busca pela garota que faria o papel de Scarlett O'Hara em "E o Vento Levou", de 1939, que durou três anos, "pode ser descrita como a campanha publicitária mais influente de todos os tempos".

Anões voadoresBorkowski se compraz especialmente com as estripulias do agente publicitário independente Jim Moran, que, para promover a carreira de um músico que estava em baixa, soltou um touro de verdade numa loja de louças e precisou ser impedido de usar anões voando em pipas para fazer faixas publicitárias sobrevoarem o Central Park, em Nova York.O que mais chama a atenção é o trabalho dos agentes publicitários para conservar a imagem de contos de fadas de Hollywood, apesar da devassidão de seus astros.Contrariando suas imagens saudáveis, ele afirma que o início das carreiras de algumas grandes estrelas foi insalubre:"Um filme pornô supostamente estrelado por Joan Crawford foi cuidadosamente suprimido pela MGM, tendo todas as suas cópias sido escondidas ou destruídas e sua exibição limitada a grupos seletos de executivos da MGM."Para proteger suas imagens naquela época de censura maior, alguns agentes recorriam à invenção pura e simples. "Biografias falsificadas eram a regra", escreve Borkowski.

É irônico que, enquanto Rowlands culpa a ascensão do relativismo pelo declínio percebido no talento de nossas celebridades, Borkowski atribui esse declínio à ascensão da verdade.A ascensão das comunicações instantâneas "jogou por terra a capacidade de mentir tão livremente" de que desfrutaram os agentes publicitários no passado, escreve.

A mitificação de gerações anteriores de reis, cardeais e estrelas de cinema que tão bem enganou nossos filósofos, induzindo-os a acreditar na era de ouro, deixou de ser possível na era da reportagem instantânea.Explorar esta era imediata, superexposta, requer um tipo novo e particular de gênio. Uma Paris Hilton, por exemplo.
A íntegra deste texto saiu no "Financial Times".Tradução de Clara Allain.>> (Folha de São Paulo, 08/02/2009, Caderno Mais!)

O TRÁFEGO URBANO E OS CONFLITOS DE CLASSE, GÊNERO E OS CONFLITOS NACIONALISTAS

TERROR EM QUATRO RODAS
"Por Que Dirigimos Assim" mostra como o trânsito se transformou num microcosmo da sociedade atualMARCOS FLAMÍNIO PERESEDITOR DO MAIS! Se um dia ele já representou o despontar de um novo modo de vida, que propiciaria mais qualidade de vida, autonomia e privacidade, o carro está rapidamente se transformando na besta-fera das cidades grandes e médias em todo o mundo. Como o trânsito se tornou a parte mais importante e dolorosa do dia-a-dia das pessoas é o tema do amplo estudo "Por Que Dirigimos Assim - E o Que Isso Diz sobre Nós" (ed. Campus, trad. Cristina Yamagami, 300 págs., R$ 69,90), que está sendo lançado no Brasil. Escrito pelo americano Tom Vanderbilt, lança mão de pesquisas de ponta em áreas como psicologia, urbanismo e, claro, engenharia de tráfego para equacionar o problema e propor soluções. Para ele, o trânsito é um "microcosmo da sociedade", pois o cidadão, imobilizado por horas em seu carro em ruas e avenidas, vivencia "situações implícitas de poder".Vanderbilt defende que quanto maior o número de adesivos fixados em um carro, maior a agressividade do motorista que está dentro dele. Na entrevista abaixo, defende a adoção do pedágio urbano -algo que voltou a ser cogitado em São Paulo, nesta semana, pelo governo do Estado. No momento em que Detroit, a cidade ícone da civilização sobre quatro rodas, vai à lona com a crise econômica, Vanderbilt prevê o futuro em duas rodas como inevitável. Defende Copenhague por privilegiar a bicicleta -"é uma cidade muito mais agradável de viver". E, pela mesma razão, diz, Pequim está "atrás de seu tempo".

FOLHA - Qual é o futuro do tráfego nas grandes cidades?TOM VANDERBILT - As cidades continuarão a crescer, e acho inevitável a adoção de algum tipo de mecanismo de cobrança, como ocorre em Londres [que instituiu o pedágio urbano]. Na maior parte delas, não há como expandir a infraestrutura para automóveis, o que fará da cobrança um modo de administrar a demanda crescente.Cada vez mais veremos esquemas de "propriedade partilhada" de carros, que ajudam a lidar com a ineficiência da ocupação do espaço público, como estacionar os carros. Só para dar um exemplo, a maior parte dos carros fica parada cerca de 90% do tempo.

FOLHA - Por que o tráfego é um "microcosmo da sociedade", como o sr. diz em seu livro?VANDERBILT - O tráfego talvez seja a manifestação mais verdadeira da sociedade, pois a rua e a estrada, diferentemente de outros lugares, em geral misturam pessoas de todas as idades, classes, raças, religiões etc. Elas estão repletas de momentos de poder implícito, cheias de mostras ofensivas de egoísmo, de todo tipo de outros fenômenos psicológicos de muito interesse.

FOLHA - O sr. fala do tráfego como palco de conflitos de classe, conflitos de gênero e conflitos nacionalistas (como na Europa). O tráfego é um campo de batalha? VANDERBILT - Acho que ele oferece, definitivamente, um laboratório para entender como as pessoas tratam umas as outras. Por exemplo, um experimento psicológico clássico é colocar um veículo diante de um sinal de trânsito fechado e, então, não mover o carro quando o sinal abrir.Quando a pessoa que está no carro atrás buzina, verifica-se então quanto tempo ela buzina, para quem buzina etc.Isso costuma indicar certos padrões previsíveis, como, por exemplo: homens buzinam mais que mulheres, pessoas em carros de alto padrão buzinam mais do que pessoas em carros mais simples.Um estudo da Comunidade Europeia mostrou ser mais provável as pessoas buzinarem quando o veículo da frente tem placa de outro país.

FOLHA - O que os adesivos fixados em para-brisa têm a ver com a busca de identidade?VANDERBILT - No trânsito, frequentemente mantemos nosso desejo de nos comunicarmos como seres humanos, apesar de não dispormos de nossos sinais mais tradicionais para isso -como o contato visual.Os adesivos fixados em para-brisas -mais comuns nos EUA- me parecem um esforço para fixar a identidade de alguém em meio a um mar de anonimato; ou seja, são um esforço para falar a um público.Alguns psicólogos argumentam que esses adesivos são uma espécie de defesa territorial, na medida em que o carro representa um curioso paradoxo: um espaço privado imerso em um espaço público, o que potencializa a ansiedade.Meu argumento é o de que, quanto mais adesivos estão fixados um carro, mais o motorista busca defender seu território -e, portanto, irá dirigir com mais agressividade.

FOLHA - O anonimato que o trânsito proporciona pode funcionar como uma arma?VANDERBILT - Sem dúvida. Psicólogos como Philip Zimbardo demonstraram como as pessoas estão, no mínimo, menos propensas a cooperar quando não veem ninguém. Já em casos extremos, agem mais violentamente contra aqueles que elas não podem ver.Esse fenômeno é chamado de "desindividuação" e de fato pode ser amplificado por fenômenos como "sobrecarga sensorial" ou pressão do tempo -condições que se aplicam à perfeição no trânsito.

FOLHA - Motoristas e ciclistas -quem irá vencer a guerra?VANDERBILT - Prefiro não pensar nisso como uma competição, mas, sim, como acontece na Holanda, que ambos podem coexistir pacificamente.Obviamente, a sociedade seria muito melhor se menos pessoas dirigissem e mais pessoas pedalassem.Por isso, Copenhague é uma cidade muito mais agradável de viver -a cidade sustentável do futuro- e um lugar como Pequim, que é vista como uma cidade do futuro, está, na verdade, atrás de seu tempo. (Folha de São Paulo, Caderno Mais!, 08/02/2009)

A teoria da evolução e as diferentes reações religiosas

Teoria da evolução criou diferentes reações religio

A teoria da evolução, lançada há 150 anos com "A Origem das Espécies", de Charles Darwin (1809-82), choca-se com a explicação bíblica segundo a qual Deus criou o mundo em uma semana; principalmente na segunda metade do século 20, novas versões religiosas fizeram contraponto ao cientista.

Os criacionistas bíblicos, fiéis à letra do texto sagrado, têm sua versão mais extrema no criacionismo da Terra Jovem, segundo o qual toda a vida surgiu há 10 mil anos ou menos -tempo insuficiente para haver a evolução das espécies de seres unicelulares ao homem.Sensíveis a descobertas arqueológicas que mostram biomas distintos nas diferentes eras geológicas e exemplares da mudança passo-a-passo de uma espécie a outra, alguns religiosos defendem o evolucionismo teísta: a evolução estaria nos planos de Deus quando o universo foi criado.

Uma abordagem mais crítica ao evolucionismo é encampada pelo design inteligente: para seus defensores, a geração de espécies como os mamíferos é complexa demais para ter ocorrido por acaso ao longo dos tempos. Somente uma inteligência superior (Deus) poderia tê-la projetado.
(Folha de São Paulo, Caderno Mais!, 08/02/2009)

DARWIN,200

Darwin, 200
ENTRE OS pensadores mais influentes dos séculos 19 e 20, só Charles Darwin sobreviveu incólume ao teste do tempo. Os 200 anos de seu nascimento, comemorados nesta semana, encontram sua reputação em excelente forma. Com efeito, nunca foi tão válida a afirmação do grande evolucionista Theodosius Dobzhansky (1900-1975): "Nada em biologia faz sentido a não ser sob a luz da evolução".

A teoria darwiniana sofreu aperfeiçoamentos, mas seu cerne, a seleção natural, permanece intacto. O mecanismo foi exposto em obra clássica, "Origem das Espécies", que também faz aniversário (150 anos): a diversidade observável nos organismos é fruto da acumulação de incontáveis e discretas características hereditárias que tenham contribuído para a sobrevivência e a reprodução de seus portadores.

Outro pilar da teoria darwiniana: os milhões de espécies de plantas, animais e micro-organismos que vivem e já viveram sobre a Terra descendem todos de um ancestral comum, que surgiu há mais de 3 bilhões de anos. Durante um século e meio reuniram-se inúmeras comprovações empíricas desses princípios. A universalidade do DNA, a substância presente no núcleo das células portadora de hereditariedade, é só uma delas.

É uma ideia poderosa, em sua simplicidade. Os organismos não são como são em obediência a um desígnio superior. Ao contrário, sua diversificação resulta do entrechoque de eventos inteiramente naturais -sobretudo mutações genéticas e modificações no ambiente- ao longo de um tempo muito profundo.

Compreende-se que esse modo de encarar a biosfera torne problemáticas outras explicações para a miríade de formas que povoam o mundo, como as inspiradas na literalidade de textos religiosos. Apesar disso, é possível conciliar o mecanismo da seleção natural com a noção de um Deus que o tenha criado.

O próprio Darwin, ateu ou agnóstico, jamais fez de sua teoria uma arma antirreligião. Essa é a caricatura que dele se construiu nos últimos 150 anos. Deixar-se arrastar por ela não faz jus à grandiosidade de sua visão da vida, que está na raiz do enorme avanço da biologia nas últimas décadas e que tanto fez para dissipar ilusões sobre o lugar da espécie humana no universo.
(Folha de São Paulo, 10/02/2009, pág. A2)

TEMAS DA SEMANA 09/02/2009

TEMAS DA SEMANA – 09/02/2009

1. Charles Darwin
. 200 anos de nascimento
. 150 anos da publicação de “As origens das espécies”
1.1 - Darwin e a escravidão
1.2 – A teoria da evolução e as diferentes reações religiosas:
. o criacionismo
. o evolucionismo teísta
. a design intelligente

2. Trânsito urbano: o tráfego e os conflitos de classe, de gênero e os conflitos nacionalistas

3. Fama: a construção midiática das celebridades, de Hollywood à era das revistas de fofocas e da Internet

Referências:
1. Caderno Mais!, Folha de São Paulo, 08/02/2009;
2. Veja, edição 2099, 11/02/2009.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

VESTIBULAR É PROVA DE... LEITURA

VESTIBULAR É UMA PROVA DE ... LEITURA

Ao iniciar o período letivo, falei com os pré-vestibulando a respeito da leitura e de que o vestibular, hoje, é uma prova de leitura.

Citei os diversos tipos de leitura e referi o fato de que a velocidade da leitura e a competência para entender os diversos tipos de textos que aparecem nas provas e na coletânea das propostas de redação são requisitos essenciais para o sucesso.

Frisei a importância de se saber que para cada tipo de texto há um modo específico de leitura. Lembrei, ainda, que certos meios de comunicação são mais utilizados pelas bancas que preparam as provas dos vestibulares (jornais e revistas impressos, por exemplo).

Assim sendo, a leitura do jornal impresso torna-se imprescindível. Ler, identificar e interpretar editoriais, crônicas, charges, textos de opinião em geral, notícias, são competências essenciais.

Para entrar em contato com o universo de leitura dos estudantes, solicitei que escrevessem um depoimento denominado Eu, leitor ou Eu, leitora. Nele deveriam contar sua história como leitores, seus impasses e seus sucessos.

Desses textos, extraí frases que julguei interessantes para publicar neste blog. Retirei títulos de livros que foram lidos com prazer e que não foram necessariamente leituras escolares, também aqui publicados.

Identifiquei causas do gosto pela leitura: identificação com os personagens dos livros, fascinação pela leitura, curiosidade, influência dos pais, avós, parentes em geral, amigos, professores.

Identifiquei também motivadores da falta de gosto de ler: falta de tempo, de dinheiro para adquirir livros e revistas, preguiça, leitura escolar exclusivamente para fins contábeis (as famosas provas de livros), falta de interesse, de iniciativa, de paciência para ler.

Alguns estudantes citaram a chegada do computador como um concorrente para a leitura. A atração que a Internet exerce sobre o jovem desviou da leitura. Favoreceu também o acesso aos famosos resumos de livros, bastante procurados.

No decorrer deste período letivo, procuraremos orientar individualmente para a leitura, considerando as experiências pessoais, para que os interessados possam obter sucesso em seus próximos vestibulares.

Acredito firmemente que a leitura é requisito essencial para o sucesso nas provas de vestibular, pelo sucesso na vida.

Espero que possamos fazer novamente um bom trabalho e bater novamente nosso recorde de aprovações.

Bom trabalho para todos.

Professora Aparecida Donizetti Paes

SUGESTÕES DE LEITURA

SUGESTÕES DE LEITURA

Títulos sugeridos por alunos do Craprevestilar

1. O segredo
2. Dom Casmurro
3. Série Crepúsculo (Crepúsculo, Lua Nova, Eclipse, Amanhecer)
4. Violetas na janela
5. Os templários
6. O caçador de pipas
7. Código da Vinci
8. Série Harry Potter
9. Fortaleza digital
10. O retrato de Dorian Gray
11. Utopia
12. A dama das camélias
13. Madame Bovary
14. O mundo de Sofia
15. Marley e eu
16. A arte da guerra

(Sugestões de livros, extraídas de depoimentos sobre leitura, escritos por alunos do Craprevestibular, durante as aulas de Redação da Professora Aparecida Donizetti Paes, no mês de fevereiro de 2009. Os livros foram os mais citados pelos estudantes em seus textos, não como leitura escolarizada, mas como leitura pessoal, prazerosa.)

FRASES

FRASES

Seleção de frases de alunos do Cra Pre-vestibular

“Aproveito cada minuto disponível apesar do cansaço, de todas as minhas limitações, para enfrentar, ou melhor, aventurar, desfrutar de uma nova e excelente leitura.” (Alessandra Aparecida Terra, semi noturno)

“Hoje, há um espaço em minha vida que não pode ser preenchido com outra coisa. É necessário em mim e não é fome nem sono. É leitura. (Melissa Cabral Terra, semi noturno)

“ Costumo dizer que a leitura não é um hábito mas sim uma paixão, uma paixão intensa por descobrir sempre o novo...” (Jéferson Cardoso Costa, extensivo noturno)

“Ler é um exercício para a vida toda.” (Francisco Manuel de Castro, extensivo noturno)
“Hoje leio de tudo e sinto falta, se fico um certo tempo sem fazê-lo.” (Luiz Eduardo Maciel, extensivo noturno)

“Vejo na leitura um abridor de portas e de acessos para qualquer um, pois para mim quem tem poder tem informação, e qualquer tipo de informação é encontrado na leitura.” (Gustavo Laurindo Cardoso, semie noturno)

“Eu me resumiria como um leitor preguiçoso naquilo que não me atrai, mas atencioso e bom, quando o assunto me interessa.” (Diogo Elias Batista, semi noturno)

“... a leitura passa a ser uma rotina na vida de cada um, pois ela está em todo lugar, desde a escola até o lazer.” (Camila Lopes da Costa, extensivo diurno)

“... gosto de ler e me sinto bem quando leio. E a leitura isso: viajar, conhecer, mudar... Por esses e outros motivos, amo ler.” (Gabriella Campos Aguiar, extensivo diurno)

“Nem sempre ler é prazeroso, mas o tempo ensino tudo. O gosto de ler é construído lendo sempre mais um pouco.” (Letícia Vivian Alvarenga)

(As frases acima foram extraídas de depoimentos escritos em aulas de redação da Professora Aparecida Donizetti Paes, no mês de fevereiro de 2009.)